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Recomendações para quem cuida do doente de Alzheimer

Recomendações para quem cuida do doente de Alzheimer

Se tem um doente de Alzheimer a seu cargo, estas orientações podem facilitar a sua vida e a do doente.

Comunicar, alimentar-se, vestir-se e cuidar da higiene pessoal são algumas das ações rotineiras que, aos poucos e poucos, o doente de Alzheimer vai deixar de conseguir realizar.

Aqui ficam algumas sugestões para quem cuida de doentes de Alzheimer. Para bem do doente e do próprio cuidador.

 

Como se comunica com o doente de Alzheimer?

 

É normal o doente não encontrar as palavras que precisa para se expressar ou não compreender os termos que ouve.

Como deve reagir:

  • Esteja próximo e olhe bem para o seu doente, olhos nos olhos, quando conversam;

  • Permaneça calmo e quieto. Fale clara e pausadamente, num tom de voz nem demasiado alto nem demasiado baixo;

  • Evite ruídos (rádio, televisão ou conversas próximas);

  • Se for possível, segure na mão do doente ou ponha a sua mão no ombro dele. Demonstre-lhe carinho e apoio.

Em todas as fases da doença, é necessário manter uma atitude carinhosa e tranqüilizadora, mesmo quando o doente parece não reagir às nossas tentativas de comunicação e às nossas expressões de afeto.

 

Lembre-se, também, que é preciso verificar se a pessoa doente tem problemas de visão, audição ou outros problemas de saúde, designadamente de saúde oral, necessidade de usar óculos ou de ajustamento das próteses dentárias ou auditivas.

 

Vaguear, perambular e andar sem rumo é um perigo. O que fazer para o minimizar os riscos?

 

Andar sem saber para onde e com que objetivo é característico dos doentes de Alzheimer, a partir de uma determinada fase. E é um perigo enorme.

Eis algumas sugestões para minimizar esse perigo:

  • O doente deve levar sempre algo que o identifique, por exemplo, uma pulseira com o nome, endereço e telefone;

  • Previna os vizinhos e comerciantes próximos do estado do doente. Estes podem ajudá-lo em qualquer momento caso se perca e peça informações;

  • Em casa, feche as portas de saída para a rua, para evitar que o doente vá para o exterior sem que dê por isso;

  • Tenha uma fotografia atualizada do doente, para o caso deste se perder e precisar de pedir informações;

  • Se o doente quiser sair de casa, não deve impedi-lo de o fazer. É preferível acompanhá-lo ou vigiá-lo à distância e, depois, distraí-lo e convencê-lo a voltar a casa;

  • Pode ser necessário pedir aconselhamento ao médico assistente.

 

O que fazer quando o doente persiste em conduzir?

 

Esteja preparado. No período inicial o doente vai tentar conduzir e, provavelmente, entrar em todos os carros de cor parecida com o dele.

  • Fale calmamente com o doente, lembrando-lhe que pode surgir algo de inesperado e que os seus reflexos talvez não ajudem. Sublinhe que o doente se sentiria muito infeliz se fosse culpado de um acidente;

  • Se não resultar, não deixe as chaves do carro num local acessível e que escape ao seu controlo. Esconda as chaves do carro (perderam-se) ou simule uma avaria;

  • Tente convencer a pessoa a utilizar os transportes públicos.

Como ajudar a manter a higiene do doente?

 

É normal o doente deixar de reconhecer a necessidade de tomar banho, de lavar os dentes, etc. Em suma, recusar cuidar da sua higiene pessoal e da sua higiene oral.

  • Não faça disso um “bicho de sete cabeças”. Se for possível, aguarde um pouco, pode ser que mude de disposição;

  • Simplifique a tarefa: tenha sempre em ordem e à mão as coisas que são necessárias, como sabão, sabonete ou espuma, toalhas, etc.;

  • Se o banho é de imersão, verifique a temperatura da água;

  • Instale pegas e tapetes que evitem escorregar dentro e fora da banheira. Há bancos e cadeiras adaptáveis à banheira, assim como outros dispositivos de apoio e ajuda que podem ser muito úteis;

  • Se o doente preferir tomar ducha, deixe-o. O melhor é procurar manter a rotina a que a pessoa estava habituada;

  • Se o doente recusar mesmo tomar banho, então tente a lavagem parcial;

  • Aplique, se possível, cremes ou pomadas adequadas para evitar escaras.

 

Como ajudar o doente a vestir-se?

 

A certa altura o doente vai ficar embaraçado sobre o que vestir ou, eventualmente, recusar-se a vestir.

Para o ajudar:

  • Simplifique o mais possível a roupa a usar;

  • Evite laços, botões, fechos de correr (substitua-os por velcro), sapatos com atacadores, etc.;

  • Prepare as peças de roupa pela ordem que devem ser vestidas;

  • Procure que a pessoa se conserve bem vestida e elogie o seu bom aspecto;

  • Enquanto o doente tiver autonomia, deixe-o atuar conforme ainda pode.

 

Como ajudar o doente a alimentar-se?

 

  • Sente o doente com o tronco bem direito e a cabeça firme;

  • Se necessário, ponha-lhe um grande guardanapo só para comer;

  • Não tagarele com o doente durante a refeição;

  • Aguarde que a boca esteja vazia para fazer alguma pergunta;

  • Dê-lhe tempo para comer tranqüilamente e não o contrarie se ele quiser comer à mão;

  • Dê-lhe bocados pequenos de alimentos sólidos; por vezes, o doente poderá preferir alimentos passados ou batidos;

  • Faça-o mastigar bem e assegure-se de que a boca permanece fechada durante a mastigação e a deglutição. Verifique se há restos de alimentos na boca;

  • Pouse-lhe a xícara ou o copo, depois de cada gole, fazendo uma pausa. Note que dar-lhe de beber é muitas vezes difícil;

  • Deixe-o deglutir uma segunda vez, se alguns alimentos ainda estiverem na boca;

  • Lave-lhe cuidadosamente a boca depois de cada refeição para evitar que restos de alimentos passem para os pulmões. Com uma gaze húmida, limpe-lhe o interior das faces. Use uma pasta dentífrica infantil;

  • Deixe o doente sentado durante 20 minutos após a refeição.

 

O que fazer quando o doente se mostra agressivo?

 

Em certas fases da doença é normal que o doente se torne agressivo. Sente-se incapaz de realizar tarefas simples (vestir-se, lavar-se, alimentar-se), reconhece que está a perder a independência, a autonomia e a privacidade, o que é muito frustrante.

A agressividade pode manifestar-se de diversas formas, tais como ameaças verbais, destruição de objetos que estejam próximos ou mesmo violência física.

Como deve reagir:

  • Se possível, procure compreender o que originou a reação agressiva. Não deve partir do princípio que o doente o quer agredir ou ofender pessoalmente;

  • Evite discutir, ralhar ou fazer qualquer coisa que se assemelhe a um castigo. Não force contatos físicos e deixe-lhe bastante espaço livre;

  • Procure manter-se calmo, não manifeste ansiedade, medo ou susto. Fale calma e tranqüilamente e procure desviar a atenção do doente para qualquer outra coisa.

 

Não tente lidar com tudo sozinho. Pode deprimir-se ou esgotar-se. Procure ajuda e aconselhamento médico se não conseguir lidar com a situação.

 

Como prevenir que surjam crises de agressividade?

 

  • Não seja demasiado exigente com a rotina diária do doente;

  • Deixe que o doente faça o que ainda lhe é possível fazer, ao seu ritmo, sem pressas e sem exigir a perfeição;

  • Não critique, antes pelo contrário, elogie (mas não exagere);

  • Ajude, mas de forma a não parecer estar a dar ordens;

  • Procure que o doente faça atividades que lhe interessem;

  • Assegure-se de que o doente faz exercício físico suficiente;

  • Esteja atento a sinais que possam indiciar crise iminente e procure distrair a atenção do doente.

 

Ao cuidador

É extremamente difícil cuidar de um doente de Alzheimer. Tem de acompanhar o doente ao longo do tempo, viver um dia-a-dia que se torna progressivamente mais difícil e experimentar sentimentos diversos, muitos deles negativos.

É normal que sinta tristeza pela sensação de que a pouco e pouco vai perdendo alguém que lhe é muito querido.

Sentirá também frustração, pois tem a consciência de que todos os seus cuidados, atenção e carinho não impedem a progressão da doença.

Vai sentir culpa, pela falta de paciência que por vezes tem, pelo sentimento de revolta em relação ao próprio doente, pela situação que vive e por poder admitir a hipótese de procurar um lar.

Poderá também sentir solidão, pelo afastamento gradual da família e dos amigos, pela impossibilidade de deixar o doente, pela falta de convívio.

Todos esses sentimentos negativos não significam que não seja um bom prestador de cuidados e de apoio. São apenas reações humanas! Pelo que, para seu bem e para o bem do seu doente:

  • Não se recrimine demasiado;

  • Cuide de si e vigie a sua saúde;

  • Sensibilize os seus familiares para o ajudarem. Esclareça-os sobre a doença e sobre o modo como podem colaborar contigo;

  • Conheça os seus limites e tente encontrar auxílio;

  • Lembre-se que a sua presença, a sua ternura, o seu amor são indispensáveis, quer mantenha o doente em casa quer tenha de recorrer a internamento numa instituição.

 

Fonte:
Direção-Geral da Saúde

 

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